segunda-feira, 4 de agosto de 2008

RETALHOS DA REVOLUÇÃO DE 64 <>30 de Março de 1964, 21:15. Estava em uma fila para comprar ingressos e assistir um filme. Logo eu que tinha pavor a filas, más ali estava aguardando chegar minha vez. Faltavam apenas quatro pessoas para chegar ao guicher. Não estava preocupado com a demora. Nem o nome do filme me interessava. Porque me preocupar com esses pequenos detalhes. Afinal era meu primeiro dia de férias, umas férias merecidas, após um ano de ouvir gritos histéricos de Oficiais " Sargento, coloque a Cia em forma. Meia hora de aquecimento para quem chegar atrazado" . Eu era sargento do E.B. Ali estava tentando esquecer aquela vida que era obrigado a levar. Ao meu lado uma gata, minha namorada , Maryangela. Uma morena de encher os olhos de qualquer mortal. Um corpo escultural. Trajava um pequeno vestido branco, contrastando com sua pela cor de Ébano colado ao corpo, um palmo acima dos joelhos mostravam aquelas pernas que pareciam terem sido esculpida por um artista contemporâneo. Porque me preocupar com o dia seguinte. Me sentia feliz, amava aquela linda mulher, e tinha certeza que era correspondido com mais entusiasmo.
A primeira seção acabara de terminar. As pessoas que saiam, comentavam o desenrolar do filme. Uns diziam; gostei do final; outros discordavam, más concordavam que era uma boa película. Para mim pouco me interessava a qualidade do filme. Me importava mesmo era estar feliz junto a minha Deusa
A fila seguia morosamente. Naquele momento era o penúltimo, logo chegaria minha vez de comprar os ingressos. Ouvi um ruído abafado, mais precisamente um estampido de um tiro ecoou, outros e mais outros se seguiram. Não tinha a menor dúvida. Eram tiros sim, e, de revolver calibre .38. Era uma pessoa treinada a distinguir som de diferentes tipos de armas. Interessante! as pessoas perto de mim não se davam conta do que estava acontecendo. Para quem não sabia distinguir parecia pipocar de fogos de artifícios. Na outra quadra, por trás da rua do Comércio onde estava localizado o Cine São Luiz, más precisamente na Praça da Assembleia Legislativa, estava programado um comício, e, aqueles estampidos poderiam muito bem serem confundido com fogos.
Voçe ouviu meu amor perguntei a Mary? o que, não ouvi nada. Estão atiran....... Não consegui terminar a frase. Gritos, choros, impropérios. Uma horda de pessoas entraram pelo centro da rua. Parecia uma manada de búfalos desgarrada, totalmente sem controle. Todos que estavam em frente ao cinema, não tinham a menor ideia do que estava acontecendo. Eu mesmo, fiquei atônito. Saimos da calçada, ficamos perto da entrada. Foi então que três jovens, de cabeça raspada, sem camisa, gritavam: corram, a polícia tá mandando bala la na praça. Os três portavam uma pequena bandeira do Brasil, grudada em um pau, que parecia mais um taco de baseball. Meu instinto me dizia que teria que me afastar o mais rápido possível daquele local. Segurei mary pelo braço, e a levei imediatamente dali. A primeira porta que encontrei aberta nos entramos. O então Bar do Relógio, "Assim era conhecido, por ter incrustado em sua parede fronta, um relogio " construção muito antiga e ficava na área central da cidade Suas paredes tinha quase meio metro de largura. As portas com mais de 2 metros de altura, lapidada com madeira de lei, com espessura proporcional as paredes, dava a sensação de segurança, aos que conseguiram adentrar ao local. As portas foram fechadas, tão logo entramos. Havia muita gente no ambiente, não caberia mais ninguém. Encostei-me a parede, e comecei a olhar as pessoas que ali estavam. Na outra parede, encostados, conversando baixinho, estavam os três rapazes que nos alertaram em frente ao cinema. Mary, segurava meu pescoço, me acariciava, más eu sentia o tremos em suas mãos. Não precisa ter medo, falei baixinho em seus ouvidos, nós estamos seguros aqui. Não tinha tanta certeza do que falara. Os rapazes olham insistentemente na minha direção, falavam baixinho, e com gesto de cabeça confirmavam sem desviar os olhos de nós dois. Teriam eles me identificado como militar, ou seria falsa impressão minha. Minha imaginação já além dos pensamentos. Me via atacado pelos três, e a solução era tentar ficar de posse de um daqueles bastões que portavam. Então estaria em condições de enfrentá-los. (continua... as correções serão efetuadas no final)Aguarde o próximo capítulo